Jesus, Mestre itinerante, que no último domingo enfrentou o demônio e fora servido pelos anjos no deserto, hoje nos conduz até a montanha santa. Lá, sob o testemunho de Moisés e Elias, e na presença de Pedro, Tiago e João revelará, como um flash, o esplendor de sua divindade, fazendo-os experimentar uma antevisão do céu. Acostumados com a proximidade do convívio diário, os discípulos descobrem agora a outra face de Jesus. No Tabor, revelando sua glória, o SENHOR os prepara para a longa peregrinação que culminará em outra montanha, o Calvário, onde, na aparência do homem das dores, manifestará a plenitude de sua glória, obediente até a morte, amando-nos até o fim, salvando da morte eterna a humanidade, pois, “a Glória de Deus é o homem vivo” (Santo Irineu).
Os apóstolos aprenderão que Aquele que, tendo descido da glória do céu e se humilhado, tomando a condição de escravo, tornando-se semelhante aos homens, menos no pecado, não cederá ao desejo de permanecer na segurança inerte da montanha. Caminhar é preciso e Jerusalém os espera. Já o patriarca Abraão, confiando unicamente numa palavra, abandonou todas as suas seguranças: saiu de sua terra e se lançou no desconhecido. Tendo como única certeza a Palavra que não decepciona.
Quaresma é tempo de caminhar, de peregrinar do homem velho – como nos diz São Paulo – para o homem novo. Para isso há que vencer nossos comodismos, reafirmar com nossos atos as promessas que um dia foram feitas em nosso nome no Batismo e, assim como Abraão que peregrina de Ur da Caldéia rumo à terra prometida, caminhar com Jesus em demanda do Reino de Deus que já começa aqui e agora.
Não tenhamos medo de encetar este percurso que acontece dentro do nosso coração! Da prisão, escrevendo a Timóteo, o Apóstolo São Paulo recorda que Deus nos chamou a uma vocação santa, e, destruindo a morte, fez brilhar em nós a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho.
(esse texto foi extraído de A MISSA, 2º Domingo da Quaresma, Ano A, nº 23)
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